Friday, December 23, 2005

Revista do Ano 2005

Agora que 2006 está à porta, nada melhor do que recordar o que mais marcou o período de 12 meses que agora finda.

Malogrados de 2005

  • João Paulo II



  • Nenhum papa, desde S. Pedro, alcançou tanto. As suas viagens, a 129 países durante 26 anos, foram três vezes o equivalente da distância entre a Terra e a Lua. Foi a personalidade, espiritual ou secular, mais vista em pessoa pelo maior número de cidadãos; o seu funeral, no Vaticano, atraiu mais de três milhões de fiéis enlutados. Apesar do seu conservadorismo doutrinal, foi um verdadeiro pontífice revolucionário — e, depois da sua morte, a sua luz brilha tanto como em vida.

  • Zhao Ziyang



  • Antigo Primeiro-Ministro chinês, faleceu após 16 anos de prisão domiciliária. Acusado de ter simpatizado, em 1989, com os estudantes protestantes na Praça de Tianamen, o seu falecimento relembra o primeiro homem democrático do Partido Comunista chinês.

  • Rafik Hariri



  • Foi o genuíno símbolo das aspirações libanesas em ser Estado de Direito. Filho de produtores de limões que se tornou num magnata da construção civil, Hariri ajudou, fisicamente, a reconstruir Beirute depois de uma longa e destrutiva guerra contra a Síria.

  • Princípe Rainier



  • O seu matrimónio, em 1956, com Grace Kelly, a "princesa" do cinema americano, tornou-o conhecido mundialmente, mas o seu maior legado foi o esforço que operou para tornar o Mónaco num porto seguro para os ricos do planeta. Rainier publicitou o seu reino da Riviera como um paraíso fiscal, onde a aristocracia se transformou numa banca global e uma segunda casa para os bilionários do mundo.

  • Milton Obote



  • Um grande homem, ou simplesmente outro ditador africano? Tal como muitos líderes pós-colonialismo, Obote aparentemente começou na primeira, mas terminou os seus dias num exílio forçado no Zâmbia, vítima do sistema que ele mesmo tinha instalado enquanto primeiro-ministro do Uganda.

  • Ismail Merchant



  • O legendário produtor cinematográfico, nascido em Bombaim, dedicou mais de 40 anos à indústria cinematográfica, produzindo e realizando cerca de 50 filmes e espectáculos televisivos. Os seus melhores trabalhos foram alcançados com o realizador James Ivory, uma longa parceria na história do cinema independente — que lhes granjeou um lugar no Livro dos Recordes do Guiness.

  • Arthur Miller



  • Juntamente com Eugene O'Neill e Tennessee Williams, Miller inventou o teatro americano, e as suas peças "Morte de Um Caixeiro-Viajante" e "As Bruxas de Salem" serão levadas à cena durante muitos anos, enquanto existir um teatro em algum lugar. Embora Miller sempre acreditasse que «o maior drama é quando se levantam grandes questões, todas as suas peças - e não apenas "Depois do Outono", escrita depois do colapso do seu casamento com Marylin Monroe - são mais pessoais do que aparentam.

  • Simon Wiesenthal



  • Quando outros hesitaram em apontar a luz ao Mal, Wiesenthal foi peremptório. Sobrevivente do Holocausto natural da Ucrânia, desistiu de uma brilhante carreira de arquitecto na Viena do pós-guerra para se dedicar à nobre tarefa de perseguir Nazis fugitivos. Do Brasil até Nova Iorque e passando pela Alemanha, ele conseguiu ultrapassar a incompetência e indiferência governamentais para levar à justiça mais de mil criminosos de guerra.

  • Kenzo Tange



  • Pensem nos edifícios e locais mais simbólicos da modernização japonesa, e o mais certo é que foram desenhados por Kenzo Tange — o Parque Memorial da Paz, numa devastada Hiroshima; a Expo 1970 em Osaka; o enorme Tokyo City Hall, completado em 1991... Inspirado em Le Corbusier e pelas formas tradicionais do Japão, Tange fundiu estilos para criar novas e inteiramente originais estruturas.

  • George Best



  • Quando se fala em futebolistas rock star, David Beckham é o primeiro nome que nos vem à mente. Mas foi um tímido e talentoso rapaz de Belfast chamado George Best que conquistou para sempre esse epíteto. O seu incrível sentido de timing e balanço confundiam os defesas contrários, possibilitando a marca de 178 golos ao serviço do Manchester United e a formação de legiões de fãs. Contudo, não foi capaz de lidar com as armadilhas da fama - as suas ressacas geravam primeiras páginas, as quais provocavam aos treinadores enxaquecas.


Fonte: Newsweek