Monday, April 10, 2006

Religião



A recente descoberta e reconstrução dos papiros originais do "Evangelho de Judas", lançou novas luzes (e novas polémicas) sobre o papel de algumas personagens da história dos últimos dias de Cristo. Segundo o achado arqueológico, Judas Iscariotes não traiu Cristo propositadamente, agiu apenas segundo ordens deste para o devido cumprimento das profecias. Mais do que revogar a imagem negativa de Judas ou do quebrar de dogmas da religião cristã, esta descoberta sugere-me lançar para debate o facto de a arqueologia e, sobretudo, a teologia possibilitarem o surgimento de constantes polémicas no seio da Igreja.

Passo a explicar: a Teologia é uma ciência — a definição básica é «o discurso racional sobre Deus» — e, enquanto tal, passível da discussão e posterior refutação das suas teorias. Para além disso, existe o ramo da ciência que publica os seus estudos em prol da Igreja Cristã. Assim, não haverá a hipótese de a própria Teologia Cristã ser geradora das várias dúvidas que, de vez em quando, se revelam ao público e contrastantes com dogmas supostamente intocáveis? Se existe alguma resposta positiva para esta interrogação, isto torna-se deveras inquietante. A Teologia, para todos os efeitos, desenvolve um certo sentimento de ambiguidade na Igreja. E essa será uma conclusão nada benéfica para a difusão da filosofia de uma religião.

Contudo, e falando agora do movimento eclesiástico mais próximo de mim, a Igreja Católica tem, a espaços, revelado força para rebater estas controvérsias. Aliás, essa força mostrou-se ao Mundo durante quase 27 anos, e na pessoa de Karol Wojtyla, João Paulo II para os católicos. A anterior "figura" máxima do Catolicismo, embora extremamente conservador, abraçou diversas missões que foram absolutamente imunes a qualquer descoberta religiosa-científica que aparecesse. Se esta atitude fosse comum entre o rebanho católico, a arqueologia polémica não teria esse nome...

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