Sunday, September 17, 2006

Eu, o David Brent e a minha circunstância

THE OFFICE,



série britânica que, pelos nossos lados, ficou traduzida por A EMPRESA, ocupa um lugar muito especial na lista dos meus produtos televisivos favoritos (com a inconfundível qualidade BBC...). Quando estreou na :2, era eu ainda estudante, divertia-me imenso com o humor que a série criava, ao espremer dolorosamente os momentos de desconcertação e embaraço do patrão mais incompetente do Mundo, de seu nome David Brent:



Presentemente, a série ainda me cativa bastante. E o principal responsável pela manutenção desse gosto reside no meu início de carreira profissional e os acontecimentos surreais que uma vida de escritório acarreta, sobretudo se estivermos integrados numa empresa de dimensão considerável. Tornou-se, portanto, inevitável a comparação entre o que era mostrado no ecrã e o que tem sido a minha realidade nos últimos meses.

Durante os longos anos da minha adolescência, os "adultos" queixavam-se, em meu redor, das dificuldades que têm em conciliar esforço profissional com relações interpessoais. Este último ponto, sempre o soube, é definitivamente a némesis de qualquer indivíduo enquanto actor social. A prová-lo está o caderno de competências que acompanhou os meus 3 anos de curso e as numerosas avaliações que constaram na folha com o título "Relações Interpessoais". Se o consultasse agora, poderia aferir, com avultado grau de segurança, qual o meu estado de espírito nas semanas que antecederam a nota relativa àquele período. E é daqui que retiro a principal (única?) conclusão acerca de relações pessoais num ambiente profissional: a nossa simpatia/antipatia face a um colega/superior hierárquico está dependente da disposição que temos para cumprir com os rituais de relacionamento interpessoal.

No meu início de carreira profissional, a circunstância que me cerca leva-me a invocar, afincadamente, as personagens e situações da série A EMPRESA. Seja pelo espírito competitivo que tenho de encarnar diariamente, pela (in)capacidade de lidar com as más decisões dos outros, quiçá por estarmos cada vez mais desumanizados pelas vicissitudes do frenesim da globalização e infinita busca pelo domínio comercial, o que é certo é que já me senti menos demente!

Não tarda nada, e começo a fazer este tipo de figuras sobre o contraplacado do meu escritório:

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