Há factos que damos como garantido que nunca irão acontecer em dias das nossas vidas. Analisando bem as características das várias regiões do Mundo, não se torna difícil elaborar certas conclusões. Sabemos que os japoneses serão sempre um povo que alia, na perfeição, tecnologia de ponta e tradicionalismos do séc. XIX; os americanos sempre continuarão a colocar Deus e a sua nação na mesma frase; e os muçulmanos nunca permitirão que se mostre, na hasta pública, a fotografia de uma mulher em lingerie...
Correcção! Quanto a esta última frase, chegam-nos notícias da Indonésia, o país muçulmano mais populoso do planeta, onde a publicação do primeiro número da Playboy, adaptada à região, tem causado furor em todos os círculos e meios sociais. Não obstante o facto de as fotografias no seu interior mostrarem menos pele que as edições americanas da revista nos anos 50, vários exemplares desta publicação têm percorrido as secretárias dos escritórios de Jakarta (aliás, a procura tem sido enorme) e os serviços noticiosos desdobram-se em debates e artigos sobre a revista.
Na verdade, esta estreia da Playboy indonésia contém: uma entrevista "séria", artigos do quotidiano, fotografias de mulheres e, inclusive, uma folder page. Contudo, não ocorre, por uma única vez, sugestão de nudez. «Não encontrei nada de surpreendente na revista», comenta Alex, funcionário público. «Depende de como as pessoas a interpretam. Por mim, não há problema.».
Apesar de toda a aparente inocência desta incursão inicial do legado de Hugh Heffner na Indonésia, o líder de um grupo islâmico já ameaçou usar todos os meios ao seu dispôr, incluindo a força, para conseguir a retirada de circulação da revista. É uma nova jihad contra o jornalismo ocidental. Quiçá, é a sequela para a "guerra dos cartoons"...
